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imagem: annie spratt via unsplash |
crescer (ou envelhecer)* é uma coisa engraçada. em algum momento do mês passado, minha mãe quis comer pizza, mas de um sabor diferente dos que ela sempre pede - então ela escolheu de beringela e escarola (e estava muito boa, diga-se de passagem). quando eu era criança, uma das coisas que eu não comia, junto com feijão, figo e jabuticaba, era beringela. eu não gostava de beringela, nem frita, nem cozida, nem recheada, nada. minha avó fazia uma compota de beringela que ficava linda no pote de vidro e no prato, mas eu olhava as sementinhas nos pedacinhos de beringela e desistia de comer com arroz. mas uma chavinha mudou em mim conforme os anos foram passando. alguma coisa mudou e eu passei a comer beringela de tudo quanto é jeito. agora eu gosto de beringela (e de jabuticaba e figo, de feijão... eu como quando é extremamente necessário).
pensando nas coisas que gostava ou não quando era mais nova, percebi que mudei radicalmente em alguns aspectos. é engraçado. as cores que não conseguia me imaginar usando são as que mais estão no meu armário hoje em dia. os doces que eu gostava? poucos ainda amo de paixão. já contei aqui que tenho um diário de escrita da qualificação/tese, mas por muitos anos também tive um diário geral e mesmo lendo as páginas da vitória-do-passado, algumas mudanças são só aleatórias mesmo. por isso é engraçado - e fascinante. posso dizer que minha relação com a tese mudou também.
quando fiz o projeto, em 2019, e depois quando revisei o texto para tentar uma bolsa no começo de 2020, eu estava muito feliz com o meu tema. de verdade. estava super empolgada e cheia de ideias. aí veio a pandemia. e entre 2020 e 2022 muita água passou. fiquei cansada do que estava estudando. fiquei em cima do muro entre querer desistir de tudo ou mudar completamente de tema. em dado momento, cheguei em um ponto em que não conseguia mais gostar do que tinha me proposto a pesquisar, então tirei férias dos meus objetos e fiquei sem pensar nisso por uns bons meses. fiz outras coisas, participei de cursos e eventos de outras áreas... depois precisei correr atrás do prejuízo? claro. mas nos meses em que me afastei eu acabei deixando uma coisa bem clara na minha mente: não queria desistir da pesquisa. criei ranço de algumas coisas, redefini prioridades. me obriguei a ser mais detalhista em outros aspectos, li muita teoria. salvei mil links e artigos, criei cronogramas, esquemas e tabelas. fui me reorganizando e me reencontrando com a pesquisa. e isso refletiu bastante na bagunça que virou meu processo de escrita (mas não vou falar disso de novo, já falei que anda difícil).
eu acho que perdi completamente o foco, mas meu ponto é: mudar pode acontecer naturalmente ou não. meus gostos mudaram naturalmente, mas minha relação com a tese mudou com muito trabalho e muito muito muito empenho.
enfim, eu tinha um plano para este mês: finalmente escrever sobre a minha tese sem reclamar do meu processo de escrita. esse plano quase foi por água abaixo logo nos primeiros dias do mês quando a bomba da data do alistamento do kai, meu bias desde 2012, e eu precisei pensar no que eu iria fazer até que ele volte (decidi, mas conto isso em outro dia) e finalmente terminar de uma vez por todas o meu relatório de quali. terminei a versão-quase-final do relatório um dia antes do último encontro do kai com os fãs e três dias antes de seu alistamento. e este texto acabou virando essa bagunça. mas é a vida.
*eu prefiro "crescer" a "envelhecer" mesmo gostando bastante de envelhecer. (aquele negócio de parar de contar a idade depois dos trinta? eu não aderi)
coisas que gostei neste mês
1. o arquivo do webby awards;
2. maíra ferreira pergunta por onde andam os espaços vazios;
3. a narrativa pessoal seduz nóis tudo + este belo texto sobre escrita criativa;
4. "a pretensão reduz minhas ideias a pó";
5. este texto espetacular sobre o antropoceno e a ficção.
duas newsletters que eu gosto
- trajetos da escrita, da taís bravo
bônus
- alvin chang e a procura do seu kimchi perfeito e essas fotos do pham huy trung (eu fiquei fascinada, de verdade).
volto em breve,
mas até lá, se cuide (*˘︶˘*)
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