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imagem: kadarius seegars via unsplash |
a próxima vez que vier aqui escrever, estarei numa casa nova (e num estado novo).
eu odeio mudar de casa.
para falar a verdade, é um sentimento misto.
gosto de ficar olhando as casas, passear pelos sites das imobiliárias, comparar as construções. ao mesmo tempo, fico cansada só de pensar em empacotar e desempacotar tudo o que tenho em um período curto de tempo (porque isso vira uma bola de neve se eu demorar muito para guardar cada coisa no seu lugar depois da mudança). tenho mudado de casa quase todo ano nos últimos dez ou quinze anos - é a sina de quem mora em imóveis alugados e tem que escolher entre pagar mais caro a cada doze meses ou procurar outro lugar. ao mesmo tempo em que mudar sempre acaba não deixando a gente criar raízes, a troca quase constante de endereço também pode salvar de algumas roubadas (porque imobiliária nenhuma vai te contar sobre o cheiro questionável que sai do seu quintal principalmente à noite, ou sobre os moradores da casa vizinha que jogam veneno no seu corredor e que chega nas janelas dos quartos e te sufoca, ou sobre a pessoa abençoada que mora em cima do seu apartamento e resolve treinar o uso do salto alto no meio da madrugada na semana de prova). mudar muito me ensinou várias coisas, além de como escolher bairros para morar. a primeira delas é que uma caixa transportadora grande para a felina reinante desta família é essencial para que ela não faça um escândalo. a segunda coisa que aprendi com as mudanças é que não consigo viver no meio de caixas.
as caixas podem até estar organizadas nos quartos, mas a sensação de bagunça e até de não-pertencimento é avassaladora. por exemplo, faz quase um ano (ou mais?) que eu sabia que iria mudar e que estava chegando o final dos três anos de contrato desta casa em que estou agora, por isso começamos a separar o que não estamos usando para doar ou guardar (e facilitar a vida na hora de empacotar tudo mesmo) - e aí, ao longo dos meses, começou a crescer a pilha de caixas no meu quarto. ainda que isso tenha desafogado as estantes e armários, a bagunça organizada no meu quarto me deixava toda desorganizada. e, o mais importante, quase tudo o que guardei achando que não iria usar por um bom tempo, acabei precisando. as blusas de frio que achei que não usaria? tirei todas porque o tempo mudou. onde estava o livro que precisava para terminar de escrever um parágrafo? ah, na caixa. onde guardei aqueles fanmades que queria enviar para o ciclano no aniversário dele? na caixa. mas qual caixa? na última, embaixo de tudo, quase sempre. acho que até ganhei mais uns cabelos brancos nessa pataquada toda. (mas isso passou porque agora meu quarto inteiro está empacotado e não tenho mais nada para procurar com urgência)
eu acho que me senti toda bagunçada assim porque gosto de deixar minha vida (de forma geral) organizada, com horários bem definidos para cada atividade, listas de tarefas diárias/semanais/mensais e tempo de qualidade para descansar, e quando isso não acontece por uma razão ou outra, tenho a impressão de que estou deixando a desejar. eu odeio "deixar a desejar" (porque quem mais me cobra na vida sou eu mesma). e o "não lembrar" ou "não saber" onde algumas coisas estão também não ajuda - mesmo quando minha mesa fica empilhada de coisas, se eu tiver certeza do lugar onde elas estão, fico tranquila.
agora que tudo está guardado, há uma certa beleza na mudança - novos começos, novas aventuras, o de sempre. mas tenho mais dois anos de contrato para não pensar em mudança novamente (ainda bem).
coisas que gostei neste mês
1. como os brasileiros usam a internet? o internetlab te conta;
2. esse space elevator;
3. toda comédia romântica precisa terminar com um final feliz?;
5. books are made out of books.
duas newsletters que eu gosto
- gisela’s hottest takes, da gisela gueiros;
- tá todo mundo tentando, da gaía passarelli.
bônus
- essa onda no meio da floresta (mais aqui).
volto em breve,
mas até lá, se cuide (*˘︶˘*)
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