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imagem: eugenio mazzone @ unsplash |
eu tinha uma metáfora ótima para fazer neste mês, mas esqueci de anotar quando tive a ideia e ela se foi. enfim.
ando lendo muito, mas nada do que deveria ler - e pela primeira vez na vida não estou sentindo culpa por isso.
eu acho que uma das coisas [não tão boas] que a academia me ensinou é "sentir culpa por fazer x coisa no lugar de qualquer outra coisa que pudesse, em alguma medida, melhorar o meu desempenho acadêmico". tenho uma lista imensa de exemplos para esse tipo de situação: vou assistir um episódio de drama, mas eu poderia estar escrevendo aquele artigo que fulano me sugeriu em um evento; vou ler um romance bobinho, mas acabou de chegar o livro do teórico y que eu poderia ler no lugar; quero ir num show, só que é na véspera de uma palestra que não tem nada a ver com o que estudo, mas a panelista é tão boa e tão legal... esse tipo de situação sempre me dá dor de cabeça porque escolher é um pesadelo (e sou libriana, o que piora um pouco). e seja qual for a escolha, sempre fico pensando na outra coisa que não escolhi enquanto faço o que decidi fazer. a gente sempre tem que fazer escolhas, é claro, mas em alguns casos escolho fazer alguma coisa só para não sentir culpa enquanto faço outra coisa (é como sentir culpa em tirar um dia para descansar no meio da semana). enfim... eu precisei trabalhar com a culpa e aceitar que nunca dá para fazer tudo. e eu nem sei como isso aconteceu, sendo bem sincera. faz um tempo que estou tentando ~fazer escolhas~ e desencanar com o que não conseguir fazer (e sem ficar pensando que poderia ter usado o tempo com outra coisa) — e está ficando mais fácil lidar com as escolhas (também li isso aqui esses dias).
mas meu ponto aqui é outro: cai em um buraco de coelho e simplesmente estou lendo mais nos últimos dois meses do que li em anos.
tudo começou com um tweet da isabelle morais*** comentando sobre morning glory milking farm e aí de romance com minotauro eu fui para romance com aliens em um piscar de olhos. morning glory milking farm tem um ritmo um pouco mais devagar, mas é surpreendentemente fofo e divertido, a história acompanha uma moça que terminou o doutorado e como não consegue emprego (meu maior medo no momento), acaba indo trabalhar numa fazenda de ordenha — e o trabalho dela é ordenhar minotauros, porque a indústria farmacêutica usa ~os fluídos~ para fazer viagra e paga muito bem quem fornece a matéria-prima e quem trabalha com isso. a premissa é ótima e a história é ótima e o interesse romântico é um minotauro, e é isso. — mas só é uma história ótima para quem gosta de romances adultos e tudo mais. quando estava mais ou menos no final de morning glory me indicaram uma série de livros da michele mills, a monsters love curvy girls, que tem como pares românticos humanas e aliens e já está no décimo volume (e conta com uma série secundária, monster bites, com seis livros). morning glory foi o pontapé, mas esses romances da michele mills foram realmente o meu buraco de coelho porque li todos os volumes das duas séries e estou na metade de outra série dela (tudo num mergulho só, sem voltar para respirar).
o mais legal disso, além de ter lido um monte nas últimas quatro-seis semanas e conhecido várias histórias que me agradaram muito, é que voltei a me divertir lendo. sempre li porque gostava de ler, mas quanto mais livros e artigos entravam para a lista de "obrigação" do dia, menos vontade eu tinha de ler. recuperar essa vontade e diversão na leitura foi muito importante para mim. é mais uma pecinha de mim mesma que volta para o lugar, mas reformada. nesta semana comecei a ler outros livros e, intercalando com aliens, minotauros e companhia limitada, parece que tudo está indo bem.
*** já que falei de livros aqui, não poderia deixar de falar que os livros da belle são ótimos e que seus dois romances mais recentes, tratado sobre tempestades e outros fenômenos extraordinários e estudo sobre amor e outros venenos letais, são ótimos e estão disponíveis em e-book ou no wattpad e no tapas — e eles também saem pela noveletter, que manda para o nosso e-mail outras histórias nacionais muito boas. também vale conhecer o kaleidocosmik.
[em tempo, fiquei duas semanas sem abrir os e-mails porque a vida pré e pós-mudança foi um caos e minhas caixas de entrada ficaram com pelo menos 150 e-mails só de newsletters, quando eu digo que isso é um esquema de pirâmide...]
coisas que gostei neste mês
1. a vanessa guedes porgunta o que é uma boa vida [e porque não temos uma] neste texto;
2. este perfil da estética da burocracia brasileira é maravilhoso;
3. jogo em inglês sobre semântica e moderação de conteúdo;
4. thais nunes fala sobre a produção de conteúdo artificial neste texto;
5. q'pop, o protesto musical pela visibilidade dos povos indígenas peruanos.
duas newsletters que eu gosto
- nevoeiro, da carol bensimon;
- isto não é um telegrama, da mariana moro.
bônus
- o exo lançou exist e cream soda fica rodando na minha cabeça 70% do tempo, os outros 30% são de regret it.
volto em breve,
mas até lá, se cuide (*˘︶˘*)
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