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imagem: Sascha Bosshard via Unsplash |
minha relação com o sono é interessante, ao mesmo tempo em que amo dormir (e se pudesse dormiria doze horas por dia), gosto de acordar bem cedo. por anos acordei religiosamente às 5h da manhã todos os dias, de segunda à sexta, o que me fez pegar um gosto estranho de assistir ou ouvir os jornais matinais. isso mudou um pouco no último ano. passei meses sem conseguir acordar antes das nove e só recentemente voltei a acordar entre cinco e sete horas.
aquelas horas em que quase não tem ninguém na rua são as minhas horas preferidas para escrever, pensar e deixar as ideias aparecerem sem pressa. é o recorte do meu dia que mais gosto.
esse tempinho sozinha no quase-silêncio foi ficando inconstante com a carga de coisas para fazer e com a irregularidade das minhas noites de sono, infelizmente. a recorrente alergia nos olhos tem muita culpa nessa variação de tempo de sono (em um dia de antialérgico posso dormir mais de dez horas seguidas e várias vezes, por exemplo), mas é claro que a pandemia também tem seu quinhão de responsabilidade. e também a ansiedade incorporada ao processo de escrita - aquele processo de escrita de sempre.
mas gostar de dormir é diferente de gostar de ter sono, no meu caso. eu não gosto de estar com sono em horários aleatórios, nem de ficar bocejando toda hora. como uma tigela de cereais coloridos, geralmente a minha cabeça está cheia de coisas acontecendo ao mesmo tempo e mil abas e janelas abertas no navegador com coisas completamente diferentes. tenho a capacidade de concentração de um gato, foco obsessivamente em uma coisa, mas a menor movimentação ao meu redor me faz perder completamente a atenção. então um bocejo enquanto escrevo ou leio ou assisto alguma coisa pode me fazer dar uma volta de 45 minutos em redes sociais, vídeos aleatórios ou conversas com outras pessoas até retornar ao que estava fazendo antes.
é mais ou menos por isso que além de fazer listas infinitas das coisas que preciso fazer e marcar itens na parede (tenho uma película de lousa em que escrevo as tarefas prioritárias da semana), uso aqueles temporizadores do método pomodoro (gosto muito dos ambientes do LifeAt Spaces). o limite de tempo e as listas de atividade me fazem ter mais foco e lutar contra o "ter sono" nos dias mais complicados.
no texto que linkei ali embaixo, anne murphy fala que
quando enfrentamos um problema mal definido e um campo de solução aberto - uma página em branco ou uma tela vazia - buscamos as associações que vêm primeiro à mente; gravitamos em torno das respostas que funcionaram bem para nós antes. essa é uma receita para clichês e repetições familiares.
as restrições exercem uma função forçante: elas nos fazem olhar mais longe, em busca de soluções que satisfaçam um determinado conjunto de demandas. os domínios em que procuramos essas soluções são menos numerosos e, portanto, pesquisamos esses domínios mais profundamente. nós acessamos o conhecimento que anteriormente não era usado; reorganizamos e reestruturamos esse conhecimento; criamos novas associações e conexões engenhosas.
eu sei que seria mais fácil simplesmente ajustar minha "agenda de sono", mas alguns dias nós precisamos só nos contentar com o que temos, certo? e, por enquanto, as restrições de tempo (e de coisas a fazer) têm dado certo.
comecei falando de sono e fui parar em um lugar completamente diferente, como sempre. no mês que vem quero escrever sobre a minha tese sem falar do caos da escrita, vamos ver se vai dar certo.
coisas que gostei neste mês
1. Anne Murphy Paul fala sobre restrições e criatividade neste texto;
2. Anna Martino fala sobre uma música sobre a indústria do café e o Homem-Aranha aqui;
3. A Coleção Vaga-Lume fez 50 anos e eu queria encontrar os livros que li do Marcos Rey de novo;
4. "A gente salva livros para eles salvarem as pessoas";
5. Mapa da literatura latino-americana do século XXI (mas sem o Brasil).
duas newsletters que eu gosto
- segredos em órbita, da vanessa guedes;
- ponto nemo, do arthur marchetto.
bônus
- baekhyun voltou para as trilhas sonoras dos k-dramas com hello para a terceira temporada de dr. romantic, vale ouvir.
volto em breve,
mas até lá, se cuide (*˘︶˘*)
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