*** Este post é fruto de reflexões das aulas da disciplina Literatura e mercado editorial, oferecida no segundo semestre de 2020 pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos de Literatura da UFSCar.
Eu tinha uma ideia um pouco diferente do que gostaria de escrever neste post, mas participei da FSNNA20 na última semana e muito do que foi discutido em suas plenárias, pôsteres e demais espaços de discussão, conversa e troca, acabou me direcionando para o que temos aqui.
Crystal Abidin na plenária “K-pop: Fandom, Politics, Digital Influence” durante a FSNNA20 usou o termo “metric culture” para falar do engajamento dos fãs principalmente nas redes sociais (que é, de forma bem resumida, o tema que ela pesquisa) e tenho a impressão de que este conceito se relaciona, no contexto da indústria do k-pop e na esteira do que tenho escrito aqui, com o que entendemos como capital simbólico, ou seja, o status e prestígio que o grupo acumula – e, obviamente, com o capital econômico, seus recursos financeiros.
Abidin e Baudinette têm um trecho bastante explicativo sobre a ação do fandom para aumentar sua visibilidade – e, consequentemente, seu capital simbólico:
“K-pop fans, understanding themselves as the primary advocates of idols, undertake numerous projects designed to both support their favorite bands and raise their visibility both on- and offline. Fans mobilize their considerable social media networks to organize targeted support projects in dedicated schedules, and conscientiously trace intended outcomes in informal metric reports for the fandom. K-pop fandom initiatives are usually informed by vernacular and folkloric understandings of how platforms and algorithms work, and driven by research and datafication (there is an entire YouTube channel with over 600,000 subscribers dedicated to studying the line distribution among idols of various groups, surveying the breakdown of how much of each song is sung by specific singers in a group), and presented via catchy infographics to persuade fandoms to take action.” (Abidin; Baudinette, 2020, grifo meu)
É uma prática comum no fandom exol fazer mutirões para melhorar a posição dos membros do grupo no “Brand Reputation Ranking” (o ranqueamento de reputação sul-coreano dos idols, atores e demais celebridades) – geralmente esses mutirões incluem curtir, comentar e compartilhar posts sobre os integrantes no Naver (o portal de busca, blog e rede social sul-coreano), mencionar os nomes artísticos em tuítes etc. O posicionamento dos idols nesses ranqueamentos refletem diretamente em suas participações em campanhas publicitárias e em parcerias com marcas de luxo. Para citar alguns exemplo, Baekhyun constantemente fica entre os cinco primeiros do ranqueamento de celebridades masculinas e sua imagem é muito valorizada por marcas e empresas como TirTir, Burberry e Privé Alliance; Kai também constantemente é encontrado entre os dez primeiros no ranqueamento e é embaixador global da Gucci e primeiro modelo masculino da Bobby Brown. Mas o ranqueamento não é apenas para os integrantes, o grupo também participa de ranqueamentos de popularidade, medido principalmente por menções nas redes sociais e visitas em páginas específicas – para esses ranqueamentos também são feitos mutirões, mas a prática de menção do user do grupo é constantemente reforçada por contas grandes de fãs ou por contas de fanbases.
**Este post ficou um pouco menor do que o previsto (perdoe esta pessoa que passou a semana assistindo muitos painéis e ainda está cansada com as mudanças de fuso horário para acompanhar tudo), mas pretendo voltar aqui para finalizar esta reflexão quando atualizar o texto sobre paratopia no próximo final de semana.
Imagem deste texto:
Textos deste texto:
Abidin, Crystal; Baudinette, Thomas. The Civic Hijinks of K-pop’s Super Fans. Data & Society: Points. Postado em 1 de julho de 2020. Disponível aqui.
Thompson, John B. Mercadores de Cultura. Tradução de Alzira Allegro. São Paulo: Editora Unesp, 2013.
postado em 18 de outubro de 2020.
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