
Ao longo das últimas semanas publiquei quatro posts falando sobre o Clube da Carina e me parece que agora, com várias linhas escritas, posso juntar as ideias desses posts e formar um esboço de análise melhor encadeado. Então está é a minha primeira tentativa (não sei se teremos outra, mas está valendo) ou a primeira parte do que será uma análise maior.
O Clube do Romance da Carina tem a proposta de levar aos seus assinantes romances escolhidos pela autora Carina Rissi que se assemelhem em alguma medida aos romances que ela escreve. Suas caixas são bimestrais e são compostas por dois livros (um inédito, que será publicado posteriormente, e um do catálogo do Grupo Editorial Record), brindes temáticos, cupons de desconto para a loja da editora e uma carta da curadora explicando as razões que a levaram a escolher as obras enviadas. É interessante notar que, ao contrário do que é proposto em outros clubes de leitura, o Clube da Carina não coloca sua identidade visual nos volumes enviados, seus livros são livros com edições comerciais, sem o logo do clube ou uma edição diferenciada específica para o Clube – o que pode indicar uma quebra com a noção de "coleção" que tem-se difundido com outros clubes de assinatura ou uma ampliação de seu público com leitores anteriores dos títulos, que podem acompanhar e participar das lives de discussão dos volumes.
Sua identidade visual com a prevalência da cor rosa remete ao que comumente é associado aos "romances de mulherzinha", traços delicados e cores suaves. A caixa em que são enviados os livros e brindes mantém esse padrão, com sua tampa rosa (com o símbolo do Clube) e sua lateral emulando a lombada de um livro – o livro do Clube da Carina. Tenho visto nas redes sociais (mantenho o foco no Twitter e Instagram por uma facilidade de acesso) comentários sobre o material da caixa – aparentemente, seu material é muito fino e amassa durante o transporte nos correios –, sobre o processo de troca dos livros do catálogo (o leitor pode trocar o livro enviado se já o possuir) e sobre as escolhas dos títulos, mas por enquanto decidi me abister de comentar esses pontos porque ainda não sou assinante (então não sei, pessoalmente, como é a caixa física), não troquei nenhum livro do Clube e porque a escolha dos títulos é uma coisa subjetiva, que vai de encontro com gostos e demais motivações da curadora.
O Clube da Carina propõe uma experiência de leitura pautada na identificação de gostos literários dos leitore da curadora (provavelmente "identificação" não é a melhor palavra aqui, mas o ponto é que a proposta é que os leitores se identifiquem com o que foi enviado, que gostem dos livros porque gostam das tramas publicadas pela curadora), o que os faz atender um nicho específico dos leitores: são em sua maioria mulheres leitoras de romance, em especial, são leitoras de chick-lit, gênero onde se enquadram as obras publicadas pela curadora Carina Rissi. O mesmo vale para os círculos em que notícias sobre o Clube são publicadas – seus interlocutores e locais de circulação possuem características similares.
Temos então as três unidades que configuram um objeto editorial: sua inscrição material (a caixa, as edições dos livros, os brindes), seu interlocutor e sua circulação (que aqui se confundem, assemelham, convergem). E pensando agora, me parece que antes de continuar a pensar o Clube do Romance da Carina como um objeto editorial, preciso me voltar para sua curadoria. Num dos posts anteriores comentei que estava pensando em considerar a Carina Rissi como uma autora astronauta e talvez agora seja a hora de começar a desenvolver isso para dar continuidade ao que foi proposto analisar aqui (e agora você já sabe o que esperar no próximo post).
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print do vídeo de unboxing da segunda caixa do Clube |
O Clube da Carina propõe uma experiência de leitura pautada na identificação de gostos literários dos leitore da curadora (provavelmente "identificação" não é a melhor palavra aqui, mas o ponto é que a proposta é que os leitores se identifiquem com o que foi enviado, que gostem dos livros porque gostam das tramas publicadas pela curadora), o que os faz atender um nicho específico dos leitores: são em sua maioria mulheres leitoras de romance, em especial, são leitoras de chick-lit, gênero onde se enquadram as obras publicadas pela curadora Carina Rissi. O mesmo vale para os círculos em que notícias sobre o Clube são publicadas – seus interlocutores e locais de circulação possuem características similares.
Temos então as três unidades que configuram um objeto editorial: sua inscrição material (a caixa, as edições dos livros, os brindes), seu interlocutor e sua circulação (que aqui se confundem, assemelham, convergem). E pensando agora, me parece que antes de continuar a pensar o Clube do Romance da Carina como um objeto editorial, preciso me voltar para sua curadoria. Num dos posts anteriores comentei que estava pensando em considerar a Carina Rissi como uma autora astronauta e talvez agora seja a hora de começar a desenvolver isso para dar continuidade ao que foi proposto analisar aqui (e agora você já sabe o que esperar no próximo post).
textos que não citei neste texto, mas indico a leitura:
O sistema dos objetos (Jean Baudrillard)
PS.: Vou manter o "meio blogueira e meio acadêmica" como padrão antes dos dois pontos nos títulos dos posts que envolvam as reflexões sobre o Clube da Carina não só por uma questão de organização, mas porque distingue este conteúdo dos outros posts do blog.
Até breve! ❤
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